O medo que algumas pessoas experimentam após longos períodos de isolamento seguido do retorno à convivência social é o que define a Síndrome da Cabana. Esse nome, “Síndrome da Cabana”, surgiu de uma situação vivida por vários trabalhadores norte-americanos após o inverno por volta de 1900. Eles se refugiavam em suas cabanas durante esta estação do ano e ao término da mesma, tinham receio do retorno à civilização. A Síndrome da Cabana atual se refere aos sentimentos de angústia e medo de boa parte da população mundial diante da possibilidade de retomar o contato social após o isolamento em decorrência da pandemia. O COVID levou ao confinamento milhares de pessoas que agora estão entrando em desespero com o relaxamento do isolamento. A grande maioria não quer “sair da sua cabana”.
No início do isolamento social, muitos estavam frustrados por serem obrigados a ficar em casa sem o contato com o mundo exterior. Com o passar do tempo, a gravidade da pandemia e a possibilidade de se infectar, entretanto, eis que surge o medo de retomar a vida e a convivência com os demais.
Por se tratar de um mecanismo de sobrevivência, o medo é natural e necessário. Em alguns casos, e dependendo do ponto de vista, até impulsionador. Mas isso não é facilmente compreendido por quem sofre de pânico ou da síndrome da cabana, por exemplo. Existe o medo real e o medo imaginário. Para as pessoas que sofrem do medo, porém, mesmo o medo imaginário é real. Quando o medo é inespecífico e prolongado, passa a ser chamado de ansiedade que, se não for tratada adequadamente, tende a levar ao pavor. É o caso da Síndrome do Pânico e das fobias que geram grande sofrimento.
Quais são os sinais para
identificar esse tipo de reação?
A Síndrome da Cabana não é considerada um transtorno mental, um distúrbio psicológico, por se tratar de um fenômeno natural diante das atuais circunstâncias. Contudo, isso não significa que os sentimentos não sejam reais para a pessoa. Quem sofre da Síndrome da Cabana requer cuidados profissionais adequados. Alguns sintomas podem dificultar o cumprimento de vários requisitos da vida cotidiana que antes eram normais e corriqueiros. Estes podem ser: inquietação, angústia, ansiedade, dificuldade de concentração, motivação reduzida, irritabilidade, perda de memória, exagero na alimentação ou perda do apetite, excesso ou falta de sono e tristeza. Também é possível a pessoa manifestar sintomas físicos como taquicardia, sudorese e tonturas. Os sintomas da síndrome podem lembrar os da Síndrome do Pânico. A diferença entre ambos é que no pânico o indivíduo se isola, enquanto na síndrome acontece o contrário.
Qual a diferença entre a síndrome da cabana
e a agorafobia?
Agorafobia é um transtorno de ansiedade em que o indivíduo sente medo e evita lugares ou situações que possam causar pânico. Uma pessoa agorafóbica também tende a evitar situações em que se sinta presa ou desamparada. Um agorafóbico teme uma situação real ou antecipada. Pode ser o medo de estar em espaços abertos ou fechados, enfrentar um transporte público, estar no meio de muitas pessoas em uma fila de banco ou no meio de uma multidão. Muitas vezes, a agorafobia se desenvolve após a ocorrência de episódios de ataques de pânico. Os sintomas mais comuns são o medo e a reclusão.
Na síndrome o indivíduo busca a companhia de pessoas (com quem esteve em reclusão) por causa do medo. Na agorafobia, ele procura a reclusão pelo mesmo motivo: o medo.
Um sujeito com agorafobia tem dificuldade em sentir-se seguro em qualquer lugar público, especialmente onde há aglomeração de pessoas e muito movimento, mas pelo que acontece “dentro” dele. Ele irá evitar qualquer situação que possa desencadear um novo episódio de pânico ou sensação de aprisionamento.
Um sujeito com a síndrome da cabana tem dificuldade em sentir-se seguro em qualquer lugar público pelo que acontece “fora” dele. Como é o caso do COVID-19. O medo é o do contágio.
Quais dicas e conselhos você daria para superar o medo
de sair de casa e como essas dicas podem auxiliar
na superação da “síndrome da cabana”
RESPEITO AO PRÓPRIO RITMO
Em primeiro lugar, o ideal seria que o indivíduo respeitasse o próprio tempo de ressocialização. Sem culpas ou obrigações. Nas atuais circunstâncias, isso provavelmente não será possível. Assim, a pessoa terá que se esforçar mais para seguir os passos seguintes.
ROTINA DEFINIDA
Em segundo lugar, é importantíssimo estabelecer uma rotina bem definida. A rotina leva a pessoa a se sentir no controle e, assim, a auxilia a ter controle também sobre os próprios pensamentos também, o que inclui o medo. O foco deve ser naquilo que pode ser controlado por ela.
ENFRENTAMENTO GRADUAL
O terceiro ponto a ser observado é o sujeito dar um passo de cada vez (literalmente!), começando com passos simples. Sair fora de casa lentamente, parar, observar e avaliar seus sentimentos, observar a temperatura do ambiente, o céu, etc. Se não conseguir ir adiante, voltar para tentar novamente mais tarde ou no dia seguinte. Se recompensando por cada esforço realizado e seguindo em frente, sem desistir.
UTILIZANDO AS BOAS LEMBRANÇAS
Por último, e não menos importante, é a pessoa se recordar continuamente de tudo o que ela costumava fazer de bom antes de ter passado pelo isolamento: os amigos, os encontros, os familiares reunidos, os restaurantes, o cinema, as caminhadas no parque, o sol, a praia, as viagens, etc. Isso vai condicionar o cérebro dela na diminuição progressiva da resposta ao medo.
Conforme o grau dos sintomas da Síndrome da Cabana, é preciso buscar ajuda profissional, uma vez que quando prolongada e sem um monitoramento adequado, ela pode desencadear um quadro depressivo grave.
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Sigo sigo todos os seus ciclos pratico o hooponopono e isso tem me ajudado muito